segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

corpses

‘poesia é voar fora da asa’
[Manoel de Barros]
               
Sou da tese de que, nos nossos caminhos, já há tudo que esperamos e merecemos: amor, dinheiro, paz, saúde, sucesso, cerveja, poesia, amigos, família, descanso, trabalho. A nós, só falta luz. Luz pra que a gente veja essas boas coisas todas sem precisar tropeçar. É pensando nisso que fecho o ano cá na versorragia: esperando que 2012 seja uma tempestade de leveza nos corações de quem a busca! Saravá, tudo há-de dar certo.
O poema abaixo é, na verdade, parte integrante de um outro texto longo que ando escrevendo já faz uns dias. Hope you like it J
A postagem desse dia eu dedico a Samara, que já a esperava há um tempo. Voilà!



um corpo funciona mais ou menos da mesma maneira que um poema.
um corpo precisa de água, luz, comida, cama, quintal.
um corpo também requer que uma mão carinho passe sobre si quando em vez.
da mesma forma o poema.
o poema precisa a luz água cama comida quintal.
o carinho, o poema chama.

assim como os corpos, quando nus,
os poemas também se deitam juntos, unos,
atravessados,
esfarelando os suspiros uns aos outros.

os homens bebem dos copos,
os poemas dos corpos,
os corpos dos homens.
a cada verso, um gole.

tal feito o poema,
os corpos se lêem uns aos outros.
se desvendam, se escrevem, se remetem e
sobretudo
se rasgam e se rabiscam. Se rascunham.

poemas lavando pratos,
corpos juntando poeira nas estantes.
poemas pagando contas,
corpos sendo roídos pelas traças.

assim como o corpo,
o poema também tem
prazo de validade:
a eternidade.


3 comentários:

  1. Volto a descrever-te como o poeta da minha geração. Sentir tua poesia. Tu entrega teu coração a cada letra, palavra, verso. É coisa linda de ler, pensar e se deixar levar. Descobri esse blog ontem e ontem mesmo li todos os posts. Confesso que abandonei os livros que preciso ter em mente antes de 2012 começar. Eu achei muito mais interessante - e sábio de minha parte - te ler. A tua alma enquanto poeta, sem pretensão, mas poeta, alcança uma plenitude imensurável. Gustavo, eu te desejo o que desejo a mim todos os dias: muitas paixões, amores vãos e metades. Isso me faz e sempre me fez sentir a vida e acho que tu é assim também. Que 2012 seja suave, leve e carregado de bons ventos e pensamentos cada vez maiores. Um beijo carregado de carinho nesse coração.

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  2. Nossa, são essas palavras que traduzem meus sentimentos de fim de ano. Leveza, amor e arte! Estou sempre acompanhando teus poemas,me tocam a alma!!! Saravá, tudo há-de dar certo! :)

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  3. Guga, que coisa linda, linda, linda!
    Depois de um dia torto, a - sua - poesia me 'endireita'.
    Suas palavras são tão delicadas quanto seu olhar, meu bem.
    Um beijo.

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