quarta-feira, 2 de março de 2011

dois recados ou prosaico #1

‘quem não vê bem uma palavra não pode ver bem uma alma’
[Fernando Pessoa]


                Horas, dias, semanas, meses, anos, pelo menos uma década que eu tento me aventurar no universo da prosa de maneira que me satisfaça. Já tentei contos e até um romance que não tinha fim e me tirava o sono – acabei deixando pra trás. Muita insistência das musas e recentes leituras  - e um caderninho vindo de Lisboa pra mim - me inspiraram em algumas incursões nesta área literária que me ainda é uma completa estranha. Espero que gostem! J

 - De antemão, quero anunciar que as postagens nesse sítio já estão de dias contados... em breve, mais informações.



I
poucas coisas me preenchem mais do que manusear livros. acarinhá-los a capa, a folha de rosto... quando se trata d’um livro de poesia, ir pelas páginas como que perdido, esperando que um verso me chame. quando se trata d’um romance, ir brincando de pescar os nomes das personagens e de imaginar o fim e o começo das estórias, sem que me seja necessário lê-las. para se aproveitar de maneira satisfatória dos livros, não se faz necessário lê-los, não. basta acarinhá-los; eles retribuirão, satisfeitos.

II
palavras me ardem. veio perguntar-me se palavra tal existia. respondi-lhe: ‘ora, mas se a podes falar, bem provável que exista, não? as palavras existem porque a falamos, tal como as idéias existem porque as pensamos, os sonhos existem como sonhamos... a matéria prima da palavra é a fala’. a cara feia mostrava um não-convencimento. disse: ‘me referia ao sentido formal, se consta esta determinada nos dicionários’. condenei ao fim o infrutífero diálogo com o argumento de que ‘palavras dicionarizadas tendem a não existir’.





2 comentários:

  1. Gustavo. Suas palavras já saem com uma fluidez e identidade próprias... É impressionante. O negócio vai ser só aprimorá-las no formato de prosa. Quanto a parte ficcional mesmo, uma coisa que me ajudou muito a não ficar navegando perdido foi o que se chama de "argumento". No caso, antes de escrever o todo, fazer um resumo da estória a ser contada, mesmo que ele vá sendo modificado aos poucos. Serve como um fio condutor. Essa técnica é indicada, entre outros, pelo escritor pernanbucano Raimundo Carrero. O resto pra você vai ser mais fácil. A leitura de duas linhas suas já demonstra que você transborda poesia... Valeu...

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  2. lindo, Guga! e esse romance que vc falou? quero ver, mesmo incompleto! =D beijos, saudades :) continue escrevendo.
    p.s: vez ou outra me pego relendo o Cheiro de Nova Estação =]

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